quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Um Ser Sutil..

Ela entrou pela porta da cozinha,
Vestida em sua camisola azul,
Os cabelos pareciam ainda úmidos,
Mas tinham leveza,

Caminhou até a geladeira,
Abriu e apanhou sua garrafa de água,
Os pés descalços,
Ali mesmo ela bebeu.

Guardou a garrafa e caminhou para a sala,
A camisola azul a deixa contente,
Ela se sente livre,
Deitada no sofá ela lê um livro.

Dentre vários que ela folha ao mesmo tempo,
Um chamou a sua atenção,
Tem uma vida muita parecida com a sua,
Tem um momento muito parecido com o seu.

Ela deita de bruços e suas pernas balançam,
Parece uma criança na leitura do primeiro conto de fadas,
Ela morde o lábio e pensa que poderia fazer melhor,
Ela pode escrever sua história.

Ela levanta do sofá num pulo só,
E apanha um de seus vários cadernos,
A caneta é aquela com cheiro de nova,
De novo.

De volta a posição que lhe trouxe a idéia,
Ela se deita e volta para a mesma página,
A história já mudou,
O pensamento já correu.

Ela deita sobre seu braço,
E imagina uma nova versão,
Nessa ela ainda está deitada de bruços,
E o calor é maior...

Ela pensa em como o desejo que possui é inocente,
E sente que precisa bem mais do que folhas brancas e um caderno,
Sente que se por instantes pudesse estar em outro lugar,
A camisola não seria tão necessária.

Ela se vira e deita de barriga para cima,
A luz apagada e seus olhos fixos no teto,
Os pensamentos parecem luzes que invadem seu corpo,
Ela sente apenas a energia.

Vagorosamente as pernas adormecem e o corpo parece não estar mais ali,
Em algum momento ela pegou carona no pensamento mais malicioso,
E com toda sua vontade de sentir,
Se foi.

As poucos ela vira de lado,
Coloca entre as pernas um travesseiro,
Arruma sua camisola azul,
E sutilmente adormece...



Ela apenas dorme.




by Feeh Laís.

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